Escolhas dos alimentos para as crianças requer atenção das famílias
Com tanta oferta de alimentos embalados em caixas coloridas e com preparo fácil, prático e rápido, o hábito de ingerir produtos saudáveis, in natura ou minimamente processados, está cada vez mais raro. Para a nutricionista da UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Ines Rugani, uma das medidas para combater a obesidade é incentivar as pessoas a frequentar feiras de frutas e hortaliças dos bairros onde vivem. “A escolha saudável deve ser uma escolha fácil. Cabe à sociedade e ao poder público fazer com que essa escolha seja fácil. Não há possibilidade de combater a obesidade na infância sem interferir nos ambientes”, reforça.
A nutricionista destaca ainda que as crianças imitam o que é feito em casa. Por isso, segundo ela, a conduta alimentar da casa está associada ao peso e ao comportamento das crianças. Rugani acrescenta que os parentes devem ficar atentos ao ambiente onde a criança está inserida e evitar alimentos ultra processados (como macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote e refrigerantes) e, consequentemente, uma futura obesidade infantil. “O que entra em casa, como a família se organiza para que a casa tenha menos alimentos ultra processados, envolver a criança no processo de preparação do alimento de uma forma mais lúdica, para que ela possa conhecer mais os alimentos in natura, isso tudo pode ajudar a evitar a obesidade”, explica a nutricionista.
De olho no rótulo dos alimentos
Como hoje existem várias opções no mercado com preços atrativos, é preciso ficar atento aos riscos que esses alimentos podem oferecer. É o que a presidente do Instituto Movere, Vera Perino, ensina. Ela fundou o Instituo há 13 anos e mostra para as crianças e para os pais como é possível comprar alimentos saudáveis e baratos quando se olha os nutrientes oferecidos. “Mesmo com tanta variedade, é necessário observar e ficar atento na hora da compra. Isso não será tão difícil se a família sentar com a criança e mostrar a importância dos alimentos e os malefícios dos alimentos ultra processados” reforça Vera.
O Instituto Movere atende famílias de crianças e adolescentes de baixa renda com o objetivo de prevenir e tratar a obesidade infantil. A iniciativa tem sido relevante para as famílias aprenderem a importância do que está sendo comprado, como a quantidade de sódio de cada alimento, por exemplo. “Para buscar escolhas mais saudáveis é preciso entender o rótulo, entender o que são os alimentos ultra processados e ensinar como é possível reaproveitar os alimentos”, argumenta Vera.
De acordo com Ines, o mundo da internet também é um grande influenciador para a prática da alimentação inadequada. “O mundo virtual traz inúmeras propagandas de alimentos ultra processados. Quanto menos tempo a criança ficar no mundo das telas, menos vulnerável ela ficará”, comenta. Além disso, a nutricionista destaca as escolas como fonte para consumir alimentos frescos e saudáveis, como os programas de hortas pedagógicas. “As crianças plantam e redescobrem o prazer de ser alimentar com alimentos saudáveis. Ali elas têm contato com os alimentos, sabem da importância e aprendem o valor nutricional de cada um”, explica Ines.
Para auxiliar as escolas, a Coordenação de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde oferece a cartilha “As cantinas escolares saudáveis” para todas as escolas do Brasil e um curso à distância redenutri sobre a cartilha. Existe também o Programa Saúde na Escola, que atua com ações de prevenção da obesidade infantil nas escolas públicas com profissionais de saúde fazendo o acompanhamento do peso e estado nutricional dos escolares. Quando necessário, o estudante é encaminhado para a unidade básica de saúde, onde recebe acompanhamento constante.
A estratégia ideal para a mudança de hábito com menos influência dos ambientes externos é a combinação de compras de alimentos saudáveis nas feiras locais com o comportamento alimentar das famílias. No entanto, as famílias também devem encorajar as crianças a reduzirem o consumo de bebidas açucaradas, estimular a prática de atividade física e diminuir o tempo gasto com o mundo virtual.
Luiza Tiné, para o Blog da Saúde